O Clima Misterioso das Primeiras Fotografias

Nos primórdios da fotografia, a necessidade de exposições longas criava um terreno fértil para imagens fantasmagóricas. Os retratos da época muitas vezes parecem estranhos aos nossos olhos modernos, já acostumados com selfies rápidas e filtros digitais. A seriedade dos rostos, a rigidez das poses e a ausência de sorrisos contribuíam para um visual sombrio que, para muitos, beira o assustador. Tudo isso torna esses registros históricos ainda mais impactantes, especialmente quando olhamos com os olhos de hoje.
E essa atmosfera enigmática só piora quando mergulhamos em certos exemplos icônicos.
A Juventude Soviética
Um exemplo marcante é uma fotografia de 1937 feita por Viktor Bulla. A imagem mostra os Jovens Pioneiros, uma organização juvenil soviética similar aos Escoteiros americanos, mas com um foco muito mais militarizado. Na foto, as crianças aparecem usando máscaras de gás, prontas para enfrentar ameaças invisíveis como ataques químicos. O resultado é uma cena de arrepiar, que mais

Mas os soviéticos não foram os únicos a gerar essas imagens arrepiantes.
O Luto Vitoriano Tornado Retrato
Se alguém transformou o clima sombrio em um estilo de vida, foram os vitorianos. Eles criavam joias com cabelos de entes queridos, mantinham fotografias de crianças mortas e até suas fotos mais casuais carregavam um ar pesado de seriedade. Teorias sugerem que o motivo da ausência de sorrisos nas fotos da época vai desde a vergonha com os dentes mal cuidados até o longo tempo necessário para a exposição fotográfica. O resultado? Imagens como a de uma viúva vestida de preto absoluto, acompanhada de seus filhos igualmente sérios, que mais parecem personagens de uma história de terror.

E ainda há práticas fotográficas daquela era que elevam o medo a outro nível.
Quando o Morto Também Era Retratado
Dentre os costumes mais perturbadores do período vitoriano está o chamado “retrato pós-morte”. Para homenagear parentes falecidos, especialmente crianças, era comum posicionar os corpos como se estivessem vivos e fotografá-los. A forma de identificar essas fotos é simples e assustadora: os vivos aparecem ligeiramente borrados pela movimentação natural, mas o cadáver, imóvel, está em foco absoluto. A ausência desse borrão é o que dá o verdadeiro arrepio.

E mesmo fora do contexto familiar, a fotografia seguiu registrando o lado mais sombrio da humanidade.
As Profundezas das Catacumbas de Paris
Outro exemplo aterrador vem das Catacumbas de Paris, fotografadas por Félix Nadar. Imagine o cenário: passagens subterrâneas lotadas de ossos humanos e um fotógrafo descendo com equipamentos pesados em um ambiente quase totalmente escuro. A luz artificial estava apenas começando a ser usada, o que torna a façanha ainda mais impressionante. Como descreveu a escritora Allison C. Meier, Nadar foi responsável por “criar a primeira documentação fotográfica desse reino dos mortos”.

E a partir disso, o legado do medo impresso em papel continuou a crescer.
Deixe um comentário