Antes que o ser humano deixasse a Terra rumo ao desconhecido, foram os animais que abriram caminho. Entre eles, o chimpanzé Ham ganhou destaque como o primeiro da sua espécie a realizar uma missão espacial. No entanto, por trás do feito histórico, há uma trajetória marcada por solidão e abandono.
Ham, O Chimpanzé Que Fez História
Ham, cujo nome era uma sigla para Holloman Aero Med, nasceu em julho de 1957 e foi capturado nos Camarões Franceses, na África Ocidental. Posteriormente, em 1959, ele foi levado para a base da Força Aérea dos EUA, no Novo México, com apenas dois anos de idade.
Lá, ele passou por um rigoroso treinamento. Como era extremamente inteligente e ágil, aprendeu rapidamente a executar tarefas simples, como puxar alavancas em resposta a estímulos visuais.

Essa fase de aprendizado foi essencial para prepará-lo para algo muito maior.
Uma Viagem Espacial Que Não Saiu Como o Planejado
Em 31 de janeiro de 1961, Ham foi lançado da base de Cabo Canaveral a bordo do foguete Mercury-Redstone, da NASA. O objetivo era atingir 185 km de altitude e uma velocidade de 700 km/h. No entanto, devido a falhas técnicas, a cápsula acabou atingindo 253 km e incríveis 9.400 km/h.
Apesar das complicações, a NASA conseguiu recuperar o controle da missão. A cápsula caiu no oceano Atlântico, a 711 km de distância do local de lançamento e a 96 km do navio de resgate mais próximo.

Ainda assim, a missão foi considerada um marco bem-sucedido na corrida espacial.
O Desempenho de Ham Fora da Gravidade
Durante os 16,5 minutos de voo, Ham passou 6,6 minutos em ambiente de microgravidade. Mesmo assim, ele conseguiu realizar todas as tarefas para as quais havia sido treinado, provando que o corpo e o cérebro conseguiam funcionar mesmo fora da Terra.
Ao retornar, foi avaliado pelos médicos. Apesar de levemente desidratado e cansado, Ham estava em bom estado de saúde.

Sua missão foi crucial para viabilizar o voo de Alan Shepard, o primeiro astronauta americano a ir ao espaço, apenas três meses depois.
Do Espaço ao Cativeiro: O Pós-Missão de Ham
Apesar de ter contribuído de forma significativa para a história da exploração espacial, Ham não teve um final feliz. Em 1963, foi colocado em exposição no Zoológico Nacional de Washington. Lá, viveu de forma solitária e em condições limitadas de interação.
Mais tarde, em 1980, foi transferido para o Zoológico da Carolina do Norte, onde permaneceu até sua morte em 17 de janeiro de 1983.

O Descanso Final e o Legado do Chimpanzé
Após sua morte, o esqueleto de Ham foi destinado ao Instituto de Patologia das Forças Armadas dos EUA. Já os outros restos mortais foram enterrados ao lado do Hall da Fama Espacial Internacional, em Alamogordo, Novo México.
Sua história permanece viva como símbolo de coragem e sacrifício em nome da ciência.
E seu legado ecoa até hoje nas missões que ainda desafiam os limites do espaço.
Outros Pioneiros Silenciosos: Animais Que Também Foram ao Espaço
Antes de Ham, vários animais foram utilizados como cobaias. Em junho de 1948, o macaco rhesus Albert I foi o primeiro a ser lançado, mas morreu sufocado durante o voo.
Em seguida, os macacos Albert II, III e IV também realizaram voos espaciais, mas nenhum sobreviveu. Explosões, falhas técnicas e impactos fatais marcaram essas missões iniciais.

Essas tentativas trágicas pavimentaram o caminho para avanços futuros.
O Primeiro Macaco a Retornar Vivo
Somente em setembro de 1951, a NASA comemorou uma missão bem-sucedida. Yorick, também chamado de Albert VI, viajou a 72 km de altitude em um foguete Aerobee, acompanhado de 11 ratos.
Embora tenha sobrevivido à viagem, morreu duas horas após o pouso, possivelmente devido ao calor dentro da cápsula.
A Corrida Espacial Com Cães, Gatos e Mais
Na União Soviética, entre 1951 e 1952, nove cães foram enviados ao espaço. Alguns voaram duas vezes. Dezik e Tsygan foram os primeiros a retornar vivos. Já Laika, uma cadela de rua em Moscou, ficou famosa por sua missão em 1957. Infelizmente, morreu poucas horas após o lançamento, devido ao superaquecimento da cápsula.
A história de Laika gerou comoção mundial e debate sobre ética científica.

Até Gatos e Água-Vivas Foram Lançados
A França também participou das experiências e, em 1963, enviou Félicette, a primeira gata no espaço. Em 1968, a União Soviética lançou a sonda Zond 5 com tartarugas, moscas, vermes e até plantas.
Essas viagens serviram para estudar os efeitos do ambiente espacial em diferentes formas de vida.
O Verdadeiro Impacto dos Animais nas Missões Espaciais
A maioria desses animais foi sacrificada para que os humanos pudessem ir mais longe. Eles ajudaram a entender os efeitos da ausência de gravidade, radiação e confinamento no organismo vivo.
A própria NASA afirma que, sem esses testes, as missões tripuladas teriam enfrentado riscos ainda maiores.
Esses pioneiros silenciosos abriram caminho para os passos humanos na Lua e além.
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