Durante décadas, cientistas tentaram desvendar a origem de fósseis enigmáticos encontrados na costa do Canadá. Agora, finalmente, um novo capítulo da paleontologia está sendo escrito com a identificação de uma espécie completamente inédita de elasmosauro: Traskasaura sandrae.
O Mistério que Veio do Fundo do Mar
O fóssil de um réptil marinho gigantesco, com cerca de 12 metros de comprimento e dentes robustos ideais para esmagar presas, vinha intrigando pesquisadores desde sua descoberta. O esqueleto adulto, completo mas mal preservado, foi encontrado em 1988 na Ilha de Vancouver, no Canadá. Durante anos, acreditava-se que se tratava de um plesiossauro genérico, um grupo conhecido por seus pescoços longos e corpos largos.

Mas a dúvida permanecia: era uma espécie já conhecida ou um ser totalmente novo?
Um Novo Gênero Surge: Traskasaura
Foi somente agora, em maio de 2024, que um estudo publicado no Journal of Systematic Palaeontology trouxe respostas definitivas. Liderados pelo professor F. Robin O’Keefe, da Universidade Marshall, os pesquisadores agruparam diversos fósseis descobertos ao longo das décadas e confirmaram: trata-se de uma nova espécie tão peculiar que merece até um novo gênero, o Traskasaura.
Essa criatura faz parte dos elassmossauros, um subgrupo dos plesiossauros que habitaram os mares entre 145 e 66 milhões de anos atrás, convivendo com os dinossauros e outros répteis marinhos como os ictiossauros e mosassauros.

E é aí que a história começa a ganhar contornos ainda mais impressionantes.
Descobertas Fragmentadas Que se Conectaram com o Tempo
O primeiro fóssil de T. sandrae foi achado ainda em 1988 na Formação Haslam, mas só foi descrito formalmente em 2002. No entanto, seu estado de conservação dificultava uma classificação precisa. Era diferente demais para ser algo já conhecido, mas não o bastante para ser declarado como uma nova espécie.
Anos depois, outros fósseis da mesma região, incluindo um úmero direito e um esqueleto juvenil extraordinariamente preservado, começaram a fornecer pistas valiosas.
Foi a união dessas peças que permitiu a revelação completa do enigma.
Um Corpo Peculiar com Traços Nunca Vistos
A análise detalhada dos três fósseis revelou traços anatômicos únicos, como a estrutura do ombro, que não se assemelha à de nenhum outro plesiossauro já encontrado. Além disso, os exemplares compartilham as mesmas características-chave, o que solidificou a ideia de que pertencem à mesma espécie inédita.
Com um pescoço composto por pelo menos 50 vértebras, o Traskasaura sandrae parece ter sido um nadador especializado em mergulhos verticais. Isso sugere um estilo de caça onde ele descia de cima para surpreender suas presas.

Mais um indício de como a evolução moldou criaturas adaptadas a ambientes extremos.
O Que Eles Comiam?
Os cientistas acreditam que a alimentação do T. sandrae incluía moluscos como os amonites, muito comuns nos oceanos da era Cretácea. Seus dentes fortes e largos seriam ideais para esmagar as conchas dessas criaturas marinhas.
Segundo O’Keefe, a robustez dentária era perfeita para esse tipo de predador. Curiosamente, ele chegou a pensar que a criatura estava ligada a fósseis encontrados na Antártida, mas seu colega chileno Rodrigo Otero mostrou que se tratava de uma linhagem completamente diferente e única.
Assim, o Traskasaura se revelou um exemplo de evolução convergente, complexo e intrigante.
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